Mulher é morta quando levava filha à escola

Glauco Wanderley, da sucursal Feira de Santana

Nádia Suely Araújo de Freitas, 43 anos, foi morta nesta quinta, 27, com disparos de uma arma calibre 45, no distrito de Humildes, em Feira de Santana, quando levava a filha à escola. De lá, ela seguiria para a Secretaria de Desenvolvimento Social, onde atuava no Programa Bolsa Família, por meio de contrato de prestação de serviço.

A filha da vítima, de 12 anos, foi atingida por um dos sete tiros disparados contra o carro e está internada na UTI do Hospital Clériston Andrade. Segundo as primeiras avaliações, ela corre risco de ficar paralítica, porque a bala ficou alojada na coluna.

O crime aconteceu por volta das 7 horas. Nádia foi alvejada pelo carona de um Fiat Strada, que emparelhou com ela no momento em que reduziu a velocidade para passar no último quebra-molas antes de deixar a estrada vicinal e entrar na BR-324, em direção ao centro da cidade. Os tiros foram disparados na cabeça. A Delegacia da Mulher de Feira de Santana está encarregada da investigação.

A delegada Martine Veloso informou que nada foi roubado e acredita se tratar de um crime de mando. Uma hipótese que está sendo analisada é a disputa por herança da família do marido, que, segundo Martine, vem se arrastando desde 1992. Essa pendência judicial foi confirmada pelo pai da vítima, em entrevistas a emissoras de rádio.

O marido de Nádia, João Brandão, disse não estar em condições de dar entrevista. A missa de corpo presente de Nádia foi
rezada no Salão Paroquial, porque a igreja não comportava a grande quantidade de pessoas que compareceram.

INSEGURANÇA – Em meio à consternação, as pessoas se queixavam da insegurança no distrito, que é o maior de Feira de Santana, com uma população de cerca de 13 mil pessoas. Humildes tem uma delegacia, mas sem delegado desde o ano passado. O titular saiu em novembro de 2008 e em maio foi nomeado José Nelis Araújo, que tinha sido coordenador regional de polícia em Teixeira de Freitas, no extremo sul do Estado. José Nelis nunca tomou posse e acabou exonerado em 27 de julho, depois de retornar de uma licença médica.

O coordenador regional da Polícia Civil, Fábio Lordelo, indicou um substituto, mas aguarda a nomeação pela Secretaria da Segurança Pública. Segundo as estatísticas oficiais, este foi o quarto homicídio no distrito em 2009. O número pode parecer baixo, mas a intranquilidade da população é evidente.

A estudante Iza Cardoso, que faz faculdade à noite em Feira de Santana, diz que ela e os colegas têm medo quando retornam para casa. “Aqui não é mais zona rural como era antigamente. A comunidade cresceu muito e a violência cresceu também”, analisa. A dona-de-casa Balbina Nogueira conta que no último domingo dois ladrões roubaram a moto de um casal e mais tarde ainda retornaram ao mesmo lugar, para ameaçar as vítimas de morte. Outra queixa comum entre os moradores é a falta de policiamento ostensivo.

Numa audiência com o governador Jaques Wagner, realizada na última terça-feira, o prefeito Tarcízio Pimenta fez um acordo de fornecer as viaturas para policiamento dos distritos, ficando o Estado comprometido a aumentar o número de policiais na zona rural. Mas não foi anunciado quando o convênio vai ser colocado em prática.